A vida com diabetes

Resolvi escrever este blog com base nas experiências que tenho com meu filho, que é diabético desde os 10 meses de idade.

Contagem de CHO

Boa parte das informações que coloco aqui sobre contagem de CHO (carboidrato) foram obtidas nas obras Contagem de carboidratos e Monitorização de autoria de Gisele Rossi Goveia, Luciana P.C. Bruno, Paula Maria de Pascali, e do Manual Oficial de Contagem de carboidratos para profissionais de saúde desenvolvido pelo Departamento de Nutrição da Sociedade Brasileira de Diabetes.
Este último pode ser baixado diretamente do site da Sociedade Brasileira de Diabetes em http://www.diabetes.org.br/livros-e-manuais/manual-de-contagem-de-carboidratos
Particularmente, recomendo a leitura do manual. É muito bem escrito e fácil de entender e está acessivel para qualquer pessoa que tenha acesso à Internet.

A contagem de carboidratos consiste basicamente em contabilizar a quantidade de carboidratos ingeridos numa refeição.
A técnica é particularmente útil para quem utiliza insulina para controlar a glicemia sanguínea, mas pode melhorar significativamente o controle dos diabéticos tipo 2.
Nossa alimentação precisa ser bem balanceada para suprir todas as necessidades do nosso organismo.
A recomendação básica diz que devemos consumir diariamente frutas, verdura e legumes. Proteínas também são importantes na quantidade correta, bem como as gorduras.
Mas, como saber o quê, quanto e como comer?
A maioria de nós não é especialista em nutrição e, no meu caso, muitas vezes nem tem tempo para pensar muito no assunto. Almoçamos conforme a possibilidade, comemos o que está disponível no horário em que nos é permitido, ou possível. Assim, a melhor saída é procurar um profissional que possa nos dizer como agir em relação à nossa nutrição, mas é importante pedir ajuda a esse profissional para que as idéias dele possam se encaixar na nossa realidade.
O que é importante no trabalho de um nutricionista é determinar quanto de cada tipo de alimento voce precisa consumir num dia normal. Com isso podemos definir uma alimentação saudável sem que haja falta, ou excesso, de nutrientes. Isso é importante para qualquer pessoa, não apenas para os diabéticos, pois disso depende a nossa qualidade de vida e a nossa saúde.
Mas vamos aos fatos da contagem de CHO:

Como disse antes, a idéia básica da contagem de CHO é contabilizar a quantidade de carboidratos ingeridos em uma refeição. No caso do Fe, sou bem radical e considero o CHO de qualquer coisa que ele come, ou bebe. Em casa, por exemplo, usamos uma pequena balança eletrônica, bem doméstica mesmo, mas que ajuda muito a quantificar os alimentos. Eu peso tudo que vai no prato dele.

Uma informação importante para que a contagem de CHO faça sentido na sua vida é saber a relação I:C que funciona para você. É preciso saber quanto de insulina precisa ser aplicada para cobrir a quantidade de CHO que você vai consumir. Essa informação é pessoal, ou seja, é unica para você. Eu coloquei uma pequena tabela para ajudar a descobrir qual a melhor relação, mas isso varia de pessoa para pessoa. Para descobrir isso você terá de controlar a quantidade de CHO consumida em uma refeição, a quantidade de insulina aplicada para ela, e as glicemias pós-prandiais. O ideal é que durante alguns dias você observe como a glicemia varia após a refeição cerca de 1, 2, 3 e 4 horas após a aplicação da insulina. Parece exagero, mas é a maneira mais segura de determinar como o seu oragnismo reage à insulina, e você consegue descobrir como seu organismo reage a cada tipo de alimento.

Outra informação importante é o fator de correção da glicemia, ou seja, o quanto 1 unidade de insulina ultra-rápida ou regular consegue fazer a sua glicemia baixar. Aqui também não há uma regra absoluta. Cada pessoa tem uma reação diferente à insulina, e para complicar um pouquinho mais a reação varia também de acordo com o horário no dia. Por exemplo, no caso do Fe, durante a madrugada ele é mais sensível à insulina do que durante o dia. Assim, se na hora do almoço eu aplico 1 unidade para fazer baixar 40mg/dl, durante a madrugada eu uso a mesma unidade para baixar 100mg/dl. Isso é complicado.

Outra coisa muito útil é ter uma tabela de alimentos com informações nutricionais, especialmente os CHO de cada alimento.

Vamos a um exemplo prático para um almoço simples:
Prato com arroz, feijão, purê de batata, um ovo frito, salada de tomates e alface com azeite, e uma maçã para sobremesa.
Uma refeição bem razoável - tem carboidratos, proteínas, gordura, verduras, legumes e frutas.
Vamos ao preciosismo:
200g de arroz, 80g de feijão, 60g de purê de batata, o ovo frito e a salada não me preocupam quanto ao peso, e a maçã é uma média. Assim:
200g de arroz = 50g CHO
80g de feijão = 14,11g CHO
60g de purê = 7,5g CHO
o ovo frito corresponde a quase 0g CHO
a salada pode ser contada como 5g CHO se imaginarmos um tomate inteiro
e a maçã = 18g CHO
Somando tudo teremos 94,61g CHO
Imaginando que a relação I:C (insulina:carboidrato) seja de 1 unidade para cada 30g CHO teremos:
94,61/30 = 3,15 unidades

Levaremos em conta que a glicemia sanguínea no horário de almoço esteja em 110mg/dl.
Como a nossa meta é de 90mg/dl teremos qua baixar 20mg/dl para alcançar a meta.
Imaginando que o fator de correção a ser utilizado é de 1unidade de insulina para baixar 40mg/dl na glicemia sanguínea. Assim, para fazer baixar 20mg/dl precisaremos de 0,5 unidade de insulina.

Chegamos à quantidade de insulina necessária que é 3,15 do bolus alimentar + 0,5 do bolus de correção, totalizando 3,65 unidades para o almoço.

Parece um pouco complicado, mas se você tiver uma boa tabela de alimentos, e uma calculadora para ajudar nas contas, o processo fica meio automatico depois de certo tempo.
A balança ajuda no começo para ajudar a medir com mais precisão cada alimento. Depois de certo tempo, você acaba se acostumando a pegar as coisas no olhômetro. Por exemplo, 1 colher de sopa cheia de arroz equivale a aproximadamente 20g em massa, 1 colher de sopa de feijão corresponde a aproximadamente 17 g, e daí por diante.

Esta técnica é muito útil para quem tem diabetes tipo 1 e faz uso de insulinas ultra rápidas para as correções. Mas pode ajudar muito aos diabéticos tipo 2 para manter um controle na quantidade de carboidratos consumida, para que a quantidade seja sempre aproximadamente a mesma, permitindo variar os tipos de alimento, facilitando o controle porque consumindo a mesma quantidade de CHO nas refeições fica mais fácil de prever em quanto a glicemia chegará.