A vida com diabetes

Resolvi escrever este blog com base nas experiências que tenho com meu filho, que é diabético desde os 10 meses de idade.

terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

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Hoje começo a postar idéias sobre a DM (diabetes mellitus) tipo 1 com base na nossa experiência.
Fê foi diagnosticado em fevereiro de 2004 com DM tipo 1.
É com base nisso que resolvi escrever algumas coisas que aprendi sobre diabetes mellitus, principalmente a tipo 1.
A DM1 é aquela em que o pâncreas não produz insulina. Assim, a pessoa passa a depender de injeções de insulina para o controle da glicose no organismo.
No nosso caso, iniciamos o tratamento com um método conhecido como "insulinização intensiva com múltiplas injeções" aliado à contagem de carboidratos.
O tratamento consiste em usar dois tipos de insulinas com ações diferentes: uma de ação lenta, e outra de ação ultra rápida. A idéia é usar uma insulina de ação lenta para simular a insulina basal no organismo, ou seja, existe uma pequena quantidade de insulina que o pâncreas libera constantemente para manter os níveis de glicose estáveis. Essa liberação ocorre ao longo das 24 horas do dia, mas a quantidade de insulina varia de acordo com o horário.
Há ainda outro tipo de insulina utilizada, que é conhecida como ultra rápida. Esta é utilizada para compensar os aumentos de glicose não controlados pela insulina basal. Esta insulina deve ser utilizada sempre que se ingere alimentos com carboidratos, de acordo com a quantidade e glicemia sanguínea no momento da refeição. Também deve ser utilizada para compensar eventuais aumentos na glicemia, mesmo fora do horário das refeições. Por isso o tratamento é denominado de "múltiplas injeções". Sempre que necessário é feita uma injeção com insulina.
A contagem de carboidratos consiste no cálculo da quantidade de carboidratos que são ingeridos em uma refeição. Como se faz isso? Simples:
Você precisa de uma tabela informando a quantidade de carboidratos de cada alimento para um determinada porção.
Se você quiser fazer a coisa direito, precisa de uma balança. Quanto mais precisa melhor. Não precisa ser aquelas de supermercado (caríssimas), mas uma doméstica digital já dá conta.
Você precisa pesar cada porção de alimento a ser ingerido, calcular a quantidade de CHO que cada porção de alimento possui, somar tudo, e calcular quanto de insulina será necessário para compensar aquela quantidade de CHO. Para isso você precisa saber a relação I/C (insulina/carboidrato) a ser utilizada para essa compensação. Não esqueça de medir a glicemia sanguínea antes da refeição porque ela entra na conta.
Mais pra frente vou detalhar este processo.

Assim, essa é a realidade de quem opta por este tipo de tratamento. Existem outros, mas optamos por este na esperança de manter um controle melhor sobre a DM.

Recentemente mudamos o tratamento para outro chamado de "infusão contínua de insulina", que é feito com o auxílio de uma bomba de infusão de insulina. Com isso, usamos um aparelho que contém um reservatório de insulina. Ele infunde insulina constantemente, 24x7, como um pâncreas. As quantidades de insulina podem ser programadas por horário, o que faz com que a insulina basal seja muito próxima à que seria liberada pelo pâncreas. O aparelho fica conectado o Fê através de um catéter plástico. É através dele que a bomba envia a insulina. Dessa forma, fica fácil aplicar qualquer insulina necessária para compensar a glicemia, ou a alimentação. Não há necessidade de aplicar injeções com seringas.
Além disso, a bomba que escolhemos, e este foi o diferencial maior, possui o CGMS (Continuos Glucose Monitoring System), que mede continuamente a glicose sanguínea(GS). Na verdade ele faz uma medição a cada 5 minutos, mas para isso ele precisa, além do catéter, de um sensor de glicose que fica inserido no subcutâneo. Com isso é possível acompanhar a variação da glicemia sanguínea quase em tempo real. Assim é possível corrigir quaisquer alterações, sejam para baixo, como para cima. Mas isso eu falarei mais tarde, com calma.

É disso que falarei daqui em diante.

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