A vida com diabetes

Resolvi escrever este blog com base nas experiências que tenho com meu filho, que é diabético desde os 10 meses de idade.

domingo, 21 de fevereiro de 2010

A volta para casa

Foi na quarta-feira de cinzas, 25/02/2004, que a enfermeira nos disse que só poderíamos deixar o hospital se NÓS conseguíssemos fazer os procedimentos no Fê. E aquele era o momento que eu temia, mas sinceramente eu nem fazia idéia do quanto seria difícil realmente.
Lembro como foi:
- peguei o frasco de insulina
- desinfetei a borracha da tampa
- peguei a seringa para insulina
- tirei a quantidade de insulina necessária, foram 2 unidades
- peguei mais um algodão com álcool para desinfetar a perna do Fê
- neste ponto eu estava tentando me controlar para não tremer
- segurei a perna dele e espetei a seringa
- empurrei o embolo
- tirei a seringa e fiquei desesperado quando vi que um pouco de sangue começou a sair
Mas a enfermeira me acalmou dizendo que isso era normal. Normal? Eu nunca tinha feito isso...Eu estava assustado, aterrorizado... não fazia idéia de que seria assim... fazer o teste na ponta de dedo era fácil comparado a isso. Era um passeio no parque num domingo de sol...
Mas isso seria parte de nossas vidas. Todos os dias, várias vezes por dia, sem descanso nem pausa.
E assim, estávamos prontos para ir para casa.
Saímos do hospital e passamos na Rimed. Compramos tudo que precisaríamos para fazer todo o trabalho: glicosímetro, tiras, alcool, algodão, seringas e as insulinas.

Lembro que nesse dia, antes de irmos para casa aplicamos 1 unidade de insulina ultra rápida porque a glicemia dele estava alta. Lembro também do nosso desespero ao ver que instantes depois ele estava hipoglicêmico. Não entendíamos porque 1 unidade havia feito aquilo se no hospital funcionava... nem sabíamos mesmo o que estávamos fazendo.

Os primeiros dias em que ficamos em casa o controle da glicemia não foi tão difícil por conta da "lua de mel". Isso quer dizer que o pâncreas dele ainda estava funcionando, ajudando no controle. Assim, a insulina lenta que aplicávamos ajudava o trabalho do pâncreas que precisava compensar apenas as alimentações (bolus).

Nesta fase estávamos usando dois tipos de insulina: a lenta Biolin (NPH) e a ultra rápida Humalog (Lispro). Mais pra frente falarei sobre insulinas.

A NPH era aplicada uma vez por dia. A Lispro era aplicada apenas para corrigir as glicemias altas.

As aplicações viraram rotina. Mas não pensem que foi fácil. Muitas vezes era complicado porque havia muito sangramento e não sabíamos quanto de insulina havia sido injetada. Com isso vinham os descontroles.

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